Programação




PROGRAMAÇÃO - ANO LETIVO DE 2021


Seminário de Semiótica da UNESP (SSU)


23 de março de 2021

Luiza Helena Oliveira da Silva (UFT)

Narrativa de uma busca interminável: 

lacunas no sujeito e na história em romances de Milton Hatoum


Resumo: Este trabalho analisa os romances A noite de espera (2017) e Pontos de fuga (2019), que compõem a trilogia O lugar mais sombrio, de Milton Hatoum. De natureza ficcional, tematizam o passado recente do país, imerso por anos (1964-1985) em uma ditadura. Seus personagens, transitando entre Brasília, São Paulo e Paris, são também protagonistas de movimentos de resistência política no contexto urbano e sofrem as consequências da prisão, tortura e morte aplicados aos considerados pelos militares como subversivos. Como elo entre tantas histórias que se cruzam, numa mistura de vozes que constroem uma narrativa cada vez mais polifônica, há o silêncio sobre o destino da mãe de Martim. Estratégia narrativa para postergar o desenlace e/ou projeto do autor para acentuar os vazios sobre o vivido nos anos de chumbo, é o silêncio e sua abertura para os sentidos possíveis que constroem Martim como sujeito da espera e de busca de uma verdade que demora a revelar-se. Na análise, mobilizamos estudos da literatura que tematizam a memória da ditadura e da semiótica discursiva, considerando categorias da sociossemiótica e da semiótica tensiva. 

Leituras GPS

13 de abril de 2021

Apresentação: Thiago Moreira Correa

Texto: GREIMAS, A. J. "Estrutura e História". In. Sobre o sentido: ensaios semióticos. Petrópolis: Ed. Vozes, 1975.


Seminário de Semiótica da UNESP (SSU)


27 de abril de 2021

Matheus Nogueira Schwartzmann

Semiótica da violência: hegemonia da branquitude
e desumanização na cobertura policial

A vida – cotidiana, afetiva, psíquica, material e simbólica – das brasileiras e dos brasileiros é inteiramente atravessada pelo racismo. Esse atravessamento se reproduz de modo contínuo por práticas sociais diversas, estabilizadas nos sistemas educacional e legislativo, no cânone literário, na indústria cultural e nos meios de comunicação de massa, por exemplo, que, de modo coordenado, emolduram formas de vida e modos de existência da branquitude. Esse emolduramento produz um corte profundo na cultura, pois a prevalência de valores hegemônicos da branquitude – determinados pelo que podemos chamar de arquiformas de vida – cria um simulacro de real que exclui do campo do humano o grupo de pessoas racializadas. Nesta reflexão, partindo dessas constatações imediatas, buscaremos compreender as formas de vida da violência em alguns veículos de imprensa, que redundam, de um lado, na banalização e na naturalização da violência policial, em um processo de desumanização de pessoas racializadas, e, de outro lado, em procedimentos de sensibilização e benevolência, ligados à arquiforma de vida da branquitude. 

Leituras GPS

11 de maio de 2021

Apresentação: Laura Miranda Zimiani

Texto: BERTRAND, D. “A semiótica e a leitura” In. Caminhos da Semiótica Literária. São Carlos: EDUSC, 2003.


Seminário de Semiótica da UNESP (SSU)


25 de maio de 2021

Mariana Luz Pessoa de Barros (UFSCAR)

Antes da pandemia: memória e identidade 
numa perspectiva semiótica

Em termos semióticos, a pandemia chegou como um acontecimento, chegou antes que estivéssemos preparados, como indivíduos e sociedade; chegou de forma tônica, como um golpe; chegou nos retirando da passagem regular do tempo ou ainda suprimindo o espaço. Esse evento terrível e paroxístico, ao contrário das expectativas iniciais e do que se nota em discursos negacionistas, ganhou longevidade. O que acontece com a identidade quando a excepcionalidade se torna duradoura? Qual é o lugar da memória num momento como o que vivemos? Essas são algumas das questões sobre as quais procuraremos refletir nesta conferência, sem a pretensão de esgotá-las. Nosso intuito é, a partir de textos diversos, como relatos, fotografias, curtas, postagens, observar o modo como a memória de hábitos e de experiências anteriores à pandemia – e aqui retomamos as noções de memória-hábito e de imagem-lembrança (Bergson, 1896) – é reconstruída ao longo da própria pandemia e seu papel na manutenção ou dissolução de identidades.


Leituras GPS

08 de junho de 2021

Apresentação: Josy Maria Alves de Souza

Texto: FONTANILLE, J. “Actantes e Atores”. In. Semiótica do discurso. São Paulo: Contexto, 2007, pp. 147-153.


Seminário de Semiótica da UNESP (SSU)

31 de  agosto

Massimo Leone (Università di Torino)


L’expérience de la répétition :                                                                                           

la réplique, le déjà-vu, l’Ersatz

Au cours des derniers années, la sémiotique a de plus en plus réfléchi sur l’expérience. De plus en plus, les textes, tous seuls, se montrent un cadre étroit pour le développement d’une compréhension complète du sens. L’ambition de la sémiotique était de comprendre comment le sens émerge in vivo, de la vie et de ses pratiques. Néanmoins, le passage de la sémiotique textuelle à une sémiotique de l’expérience conduit chez cette dernière à une attitude typique de la première : privilégier ce qui est nouveau, l’émergence de nouveaux signifiés, l’éveil de la créativité dans le domaine du langage. L’expérience, cependant, n’est pas seulement de la nouveauté. C’est aussi de la répétition. Il est peut-être vrai que nous ne nous baignons jamais deux fois dans le même fleuve, mais l’expérience de se baigner dans le fleuve peut être très répétitive. La conférence cherchera à développer une sémiotique de l’expérience répétitive, basée sur l’abondante littérature déjà produite sur la répétition (Umberto ECO in primis). Que se passe-t-il lorsque « nous presque faisons la même chose » ? Cette question sera répondue par rapport à trois cas paradigmatiques de l’expérience répétée : l’objet répétitif (la réplique), le temps répétitif (le déjà-vu) et l’espace répétitif (l’Ersatz).

Leituras GPS

14 de setembro de 2021

Apresentação: Danilo Zamorano

Texto: HARKOT-DE-LA-TAILLE, E.“Entre sapos, princesas, corações e mentes”. In. Sentir, saber, tornar-se - Entre o Sensório e a Identidade Narrativa. São Paulo: Humanitas, 2016.


Seminário de Semiótica da UNESP (SSU)

28 de setembro 

Elizabeth Harkot-de-La-Taille (Usp)

Buscando semiotizar a justiça:                                                                                   entre a força da lei e interstícios para a coexistência. 

Neste estudo, dedico-me a analisar e contrastar, do ponto de vista da semiótica discursiva, o percurso básico assumido por a) a Justiça Retributiva e b) a Justiça Restaurativa, tendo com focos principais o lugar e o papel de todas as partes e sanções atinentes aos polos vítima e agressor(a). Nosso sistema de justiça privilegia a lógica da retribuição, daí a colocação “Justiça Retributiva”. Se A é vítima de B, se A sofreu dor, dano ou prejuízo em consequência da ação de B, A ou seu representante podem recorrer ao Estado para buscar justiça. Justiça será feita se/quando B receber uma punição compatível com sua ação danosa a A. A punição principal varia do ressarcimento pecuniário à privação da liberdade, o encarceramento. No caso da Justiça Retributiva, ao buscar a Justiça (instituição), A delega ao Estado todo o poder sobre o que gravita em torno do conflito causado por/em torno da ação de B. O Estado se torna executor, sujeito-do-fazer por excelência, mediante os papeis de advogado e promotor, imbuídos do sistema de valor - as leis em vigor – para analisar o caso, cada parte por sua perspectiva. O juiz é o guardião do sistema axiológico, o representante do Destinador, a decidir a sanção. Ofensor e vítima, sujeitos do agir e do sofrer, inicialmente, migram para a posição de objetos do sistema e nada mais têm a dizer; podem apenas esperar a conclusão. Outro modo de se conceber justiça, para causas que não atinjam graus máximos, como o assassinato, é defendido pela Justiça Restaurativa, também referida como JR. No contexto da JR, A, a vítima quer (condição necessária, nada acontece se a vítima não o quiser) encontrar B, o ofensor, a fim de buscar entender suas motivações e as bases dessas motivações. Ao buscar a JR, A estabelece no Estado (Justiça como instituição) um coadjuvante. Mantém-se integralmente sujeito de seu percurso, podendo retirar-se da investida em contato com B a todo momento. Nesta apresentação, baseio-me, como eixo, em dois percursos reais completos em torno de roubo de um celular. O primeiro, pelos critérios da Justiça Retributiva, e o segundo, pelos da Justiça Restaurativa. Os resultados de cada um (perda de liberdade de B, no primeiro, desejo de autotransformação de B e de reparação, no segundo) orientarão e demonstrarão com clareza a pertinência da comparação e do contraste entre os tipos de justiça abordados neste estudo.

Palavras chave: sujeito semiótico; Justiça Retributiva; Justiça Restaurativa; lei da força; coexistência.

Leituras GPS

05 de outubro de 2021

Apresentação: Sebastião Elias Milani

Texto: PORTELA, J. C. Semiótica e Ideologia. Revista do Gel. v. 16, n. 1, p. 132-142, 2019. Clique aqui para acessar o texto.



Seminário de Semiótica da UNESP (SSU)

26 de outubro

Pierluigi Basso (Lyon 2)*

Ethos et intimité en discours.
L’expérience paradoxale d’une enquête identitaire ouverte à la décoïncidence 

 

Notre intervention vise à caractériser de manière contrastive la présentation de soi (éthos) et la vulnérabilité du moi, l’une étant à comprendre comme l’élaboration fictive d’une image stratégique et l’autre comme la thématisation d’un ancrage irrécusable dans un corps qui revendique alors une identité. Le discours est ainsi le meilleur partenaire pour les tentations extrémistes de l’image et de l’identité et, en même temps, un démystificateur sans merci. Il aide à prédiquer des fondements subreptices des images et des identités (mythologies de l’ego), fondements qu’il ne possède pas lui-même, et à la fois il participe largement à leur déconstruction critique. Ces paradoxes créés par le discours, en qualité d’agent double, ne peuvent qu’être au cœur des tensions qui traversent et qualifient la subjectivité énonciative. Ensuite, le sens discursif a deux « chambres » d’incubation et d’éclosion du sens : l’environnement social et l’environnement psychique. Or, ces environnements ont besoin d’échanger constamment les valeurs élaborées d’un côté ou de l’autre, ce qui montre des processus d’« extériorisation » de l’intime (extime) et d’« intimisation » du sens institué publiquement (sensibilisation). Ces transpositions des valeurs et de significations sont assurées par des médiations linguistiques et des élaborations discursives, ce qui mérite alors une enquête sémiotique de l’intimité comme construction énonciative. Tout dispositif énonciatif est « allocentré » étant donné qu’il contient une structure d’adresse, ce qui suggère que même le monologue le plus intime divise des instances subjectives, en affichant ainsi une appropriation problématique de soi et une vocation à la décoincïdence. Le paradoxe est que l’intime cherche à s’approprier soi-même car il ne s’appartient pas. Mais dans ce mouvement imperfectif et inachevé, il invite aussi d’autres profils identitaires à émerger en tant que revendications d’une disponibilité de valeurs propres et « inéchangeables ».


Bibliographie

 

AMOSSY, Ruth (2010), La présentation de soi. Éthos et identité verbale, Paris, PUF.

BASSO FOSSALI, Pierluigi (2017), Vers une écologie sémiotique de la culture, Limoges, Lambert Lucas. 

FONTANILLE, Jacques (2008), Pratiques sémiotiques, Paris, PUF.

GOFFMAN, Erving (1956), The Presentation of Self in Everyday Life, Edinburgh, University of Edinburgh Social Sciences Research Centre.

JULLIEN, François (2013), De l’intime. Loin du bruyant Amour, Paris, Grasset.

JULLIEN, François (2017), DécoincidenceD'où viennent l'art et l’existence ?, Paris, Grasset.

RASTIER, François (2018), Faire sens. De la cognition à la culture, Paris, Classiques Garnier.

 

*Pierluigi Basso Fossali est professeur en Sciences du langage à l’Université Lumière Lyon 2 et directeur du laboratoire ICAR (UMR 5191) à l’ENS de Lyon. Actuellement, il est coordinateur du Séminaire International de Sémiotique à Paris, Président de l’Association Française de Sémiotique, Vice-président de la section 07-Sciences du langage au CNU. Une synthèse de ses positions théoriques est disponible dans la monographie Vers une écologie sémiotique de la culture. Perception, gestion et réappropriation du sens (Limoges, Lambert-Lucas, 2017). Ses recherches s’inscrivent à l’intérieur d’un projet de sémiotique des cultures qui vise à articuler trois approches épistémologiques : (i) l’étude des relations entre médiations linguistiques et expérience perceptive, (ii) l’analyse des stratégies énonciatives et figuratives des textes et (iii) l’attestation et la description des pratiques de création et d’interprétation d’objets culturels par rapport à des institutions de sens spécifiques (domaines). En ce sens, son projet scientifique est unitaire et se développe sans discontinuité depuis la publication du livre Il dominio dell’arte (Roma, Meltemi, 2002). Parmi les initiatives éditoriales les plus récentes, on peut rappeler la direction du numéro 206 de Langue française (2020) et du numéro 221 de Langages (2021), consacrés à une linguistique et à une sémiotique du discours programmateurs, aussi bien que la direction de l’ouvrage Créativité sémiotique et institution du sens dans la dialectique entre l’individuel et le collectif (Limoges, Pulim, 2021) et celle des Actes du Congrès de l’Association Française de Sémiotique (Lyon, 2019), (Dés)Accords. À la recherche de la différence propice (2021).

 

 

 Leituras GPS

09 de novembro de 2021

Apresentação: Adriano Pereira da Silva

Texto: SCHWARTZMANN, M. N.; PORTELA, J. C. Rê Bordosa: forma de vida e moralização. In: NASCIMENTO, E. M. F. dos S.; ABRIATA, V. L. R. (Orgs.). Formas de vida da mulher brasileira. Ribeirão Preto: Ed. Coruja, 2012.

 

Seminário de Semiótica da UNESP (SSU)

23 de novembro

Veronica Estay Stange (Unilim)

L’identité narrative en question: 
zones paradoxales de l’expérience

Resumo: Centrée sur les discours de la mémoire postdictatoriale au Chili et en Argentine, cette intervention a pour objectif d’interroger le problème de l’identité collective, en mettant en évidence ses contradictions et ses points de fracture. Plus spécifiquement, il s’agira de montrer comment l’« ancrage ontologique » des « rôles thématiques » (héros, résistant ; tyran, tortionnaire) indispensables pour la construction du récit historique et judiciaire, est questionné par les micro-récits qui révèlent les complexités inhérentes aux individus qui les incarnent. Entre collaboration sous contrainte, dissidence, syndrome de Stockhom et « honte du survivant », nous chercherons à examiner la multiplicité d’« instances énonçantes » qui, en amont des actants collectifs, nous conduisent à problématiser le concept même d’« identité », et à dissocier ses différents champs de manifestation (historique, juridique, politique, intersubjectif, intime…).